Djs escapam da censura no Irã para organizar festas de música eletrônica.

Djs escapam da censura no Irã para organizar festas de música eletrônica.

Blade&Beard, os protagonistas do documentário “Raving Iran”, tocam pela primeira vez em Madri, na Espanha, no dia 27 de janeiro, dentro do evento Metacirculo #2.

As peripécias de Anoosh e Arash(Blade&Beard) tentando desenvolver uma cena de música eletrônica no Irã, país em que nasceram, foram brilhantemente retratadas no documentário Raving Iran, de Susanne Regina Maures. É um filme que reflete sobre o trabalho na clandestinidade e a paixão pela música em um lugar que, assim como muitas outras formas de expressão artística e cultural, está proibida nos meios de comunicação desde 2005.

Esta dupla de jovens terminou as suas aventuras organizando uma última festa clandestina, antes de aceitarem um convite para tocar no Street Parade de Zurique. Essa foi a válvula de escape que eles encontraram para estabelecerem residência na Europa. Eles montaram o seu próprio selo em Berlim, lugar onde editam os seus trabalhos e pensam em lançar músicas de outros artistas.

Neste mês, no dia 27, eles tocarão pela primeira vez na Espanha dentro do evento Metacirculo #2, iniciativa da promotora de eventos Meta em parceria com o Círculo de Belas Artes para criar jornadas onde a música eletrônica, as novas linguagens audiovisuais e a experimentação sejam os protagonistas. A primeira edição ocorreu em novembro com Stefan Olsdal e Digital 21, como os principais do evento. E nesta segunda edição completam o line up Cumhur Jay, The/Das, Clara 3000 e Pandora`s Jukebox.

Conversamos com Anoosh e Arash sobre o passado deles quando organizavam festas clandestinas e o que planejam para o futuro:

Como vocês começaram tocar?

Quando nós escutamos Sasha e John Digweed descobrimos a música eletrônica. E logo começamos tocar através dos canais do Youtube.

Quais artistas influenciaram vocês?

Portishead e Recondite.


Como é ser jovem e crescer no Irã?

Os jovens no Irã vivem uma situação difícil, pois tudo o que se pode fazer ali tem que ser feito de uma forma clandestina. Isso significa que eles têm que organizar as festas em suas próprias casas ou no campo (por exemplo, no deserto). Mas isso é realmente difícil: a censura e as represálias da polícia estão por toda parte.

Que tipo de música os jovens escutam no Irã?

Depende do tipo de música a que você se refere e das preferências de cada um. Mas os jovens escutam mais deep house ou música tradicional. Mas, como dizemos, é sempre de uma maneira underground.

Vimos como vocês montavam as festas no documentário Raving Iran. Como está atualmente a situação das raves no país de vocês?

Organizar uma rave no Irã é realmente muito difícil, porque as autoridades sabem quem são as pessoas que a organizam. E às vezes os policiais se misturam com as pessoas e, depois de uma hora, prendem todo mundo.

Como foi a chegada de vocês na Europa?

Recebemos uma permissão para estar cinco dias e decidimos ficar por aqui, porque é melhor para nós e para o nosso futuro.

Vocês pensam em voltar alguma vez para o Irã?

Não, nunca.

Como são os shows ao vivo do Blade&Beard?

Não sabemos a que você se refere com “shows” e nem com que intenção você nos faz esta pergunta (risos). Bom, o que fazemos quanto tocamos é realmente bom. Não pergunte tanto e venha nos ver tocar.

Vocês nunca tocaram na Espanha, mas vocês conhecem o país ou algo sobre a música daqui?

Não, esta é a primeira vez. Mas conhecemos algumas coisas da música que se escuta e que é feita no país. Também ouvimos falar sobre o impasse entre Madri e Barcelona. E principalmente sobre o festival Sónar.

Uma última pergunta: Quais são os planos para o futuro?]

Realmente esta é uma boa pergunta. Bom, temos o nosso próprio Selo em Berlim chamado Futurist. Já tiramos duas referências, dois Ep´s. O primeiro foi o nosso, Dark Valley, e o segundo foi de um produtor italiano. Nós gostaríamos que ele se tornasse um grande Selo e que pudéssemos colaborar com grandes nomes da cena Techno, mas para isso precisamos de tempo e trabalho duro. Em um futuro bem próximo lançaremos o nosso disco. E isto vocês terão notícias em breve.

Matéria traduzida do espanhol para o português por Carolina Cunha, revisora de textos da Widemuzik. A matéria original foi publicada no jornal espanhol El País no dia 10/01/2018 e pode ser conferida na íntegra aqui:

Filmes e documentários da Cultura DJ que você não pode perder

Open chat
Fale Conosco!