Teoria musical para músicos de Laptop (A Escala Maior) Cap III

Teoria musical para músicos de Laptop (A Escala Maior) Cap III

Há muitos tipos de escalas utilizadas na música: as escalas cromáticas maiores e menores (mais comumente presentes na música clássica e popular ocidental), a escala pentatônica e popular (presentes tanto na música folclórica quanto na música eletrônica), as escalas microtonais( geralmente estão presentes na música do Extremo Oriente), a escala modal(mais utilizadas na música folclórica, popular e rock experimental). Podemos citar também a música de dança (escalas octatônicas e hexatônicas), frequentemente utilizadas como variantes das escalas maior e menor pelos clássicos e compositores de filmes. Já as escalas exóticas geralmente são usadas por compositores e produtores de música, que tem como objetivo criar uma atmosfera incomum. Sabemos que essas escalas colocam os produtores musicais em uma posição/situação muito boa, pois, como há uma escala para cada finalidade e para cada situação musical, eles podem então criar e se reinventar cada vez mais. Esse conhecimento também permite que o produtor musical tenha um claro senso de harmonia e coerência. O propósito deste capítulo é apresentar a você uma das escalas mais populares utilizadas na música em todo o mundo, a escala maior.

Introdução à Escala Maior

A Escala Maior tem esse nome porque os acordes primários que ela oferece são os acordes principais e apresentam um som mais agudo, diferente dos acordes com um som mais grave, que são das escalas menores. A Escala Maior tem sido usada por músicos há milhares de anos, e é difícil estimar quantos milhares de músicas foram escritas utilizando-as. Certamente, hoje se tem um número imenso de canções e a sua popularidade dentro das comunidades de compositores não mostram nenhum sinal de diminuição. Há algo universal na escala maior que agrada a todos: embora seja uma escala geralmente brilhante e mais aguda(soando), a escala menor é mais “temperamental” e introspectiva, mas igualmente capaz de expressar emoções fortes. A canção atemporal de John Lennon “Imagine” é um exemplo clássico escrito em C (Dó) maior. Outro exemplo é a famosa canção “Somewhere Over The Rainbow”.

Chave

Para uma melhor compreensão da escala maior, você deve considerar outro elemento importante da música: a chave. A escala e a chave estão relacionadas. A chave diz respeito à nota sobre a qual uma escala é construída. O teclado MIDI representa um piano ou órgão da música tradicional – tem cinco notas pretas e sete notas brancas em cada oitava, dando um total de doze notas- Qualquer destas teclas, seja branca ou preta, pode ser o ponto de partida sobre o qual uma escala é construída. O teclado permite assim o uso de quaisquer notas. Uma escala que tem a nota C como ponto de partida é representado pela chave de C (Dó).

Escala

A escala mais fácil para se aprender é a escala principal na chave de C. E isto porque as suas sete notas correspondem às sete teclas brancas no teclado MIDI. Assim, enquanto você pode localizar a nota C, a escala C maior é fácil de recordar. E os nomes das notas desta escala são simplesmente as sete letras do alfabeto musical começando em C: C (Dó), D (Ré), E (Mí), F (Fá), G (Sol), A ), B (Sí). Em cada uma das sete notas da escala C maior é dado um número que mostra a sua ordem na escala, com primeiro grau – nota C – sendo o número 1 (imagem 3.2).


Imagem 3.2 C(Dó) Escala Maior

A melhor maneira de utilizar uma escala é aprender a tocá-la “para cima e para baixo” em um teclado, guitarra, baixo ou outro instrumento musical que você esteja acostumado a tocar (ver figura 3.3). Ao aprender a tocar a escala, inicialmente mantenha um ritmo agradável e lento. Tente também obter um tom uniforme em cada nota. A faixa de som indicará a velocidade de referência em que você pode tocar.


Imagem 3.3 Como tocar uma escala de C(Do) maior dentro de uma oitava.

Aqui, a experiência de um músico treinado é bem importante. Não há nada tão maravilhoso quanto tocar as músicas em uma determinada chave e despertar uma sensação positiva e entusiasmada do público. Muitos produtores novos que utilizam um laptop para produzir a música geralmente não tocam nenhum tipo de instrumento musical, mas todos esses produtores, sem exceção, expressam o desejo de melhorar as suas habilidades musicais, especialmente do teclado. Como um teclado MIDI representa o ponto de partida na produção musical de um produtor, daí a necessidade de se atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos. Se o produtor souber tocar um pouco de teclado, pelo menos, isso tornará muito mais fácil quando ele for compor e gravar todos os tipos de instrumento e for tocar uma linha de baixo ou um padrão rítmico. Geralmente duas escolhas se apresentam aos músicos de laptop: eles podem utilizar um instrumento de teclado convencional, como o piano, que fornecerá a experiência musical necessária e também, alternativamente, podem se esforçar para assimilar os seus conhecimentos através do uso do teclado MIDI através de prática e paciência.

Tocar em Nota C(Dó) Escala Maior

Para tocar em uma escala de C(Dó) maior no teclado MIDI, comece com o polegar – que em termos de teclado é chamado de dedo 1 – e depois vá para a nota D(Ré) com o segundo dedo. O E (Mí) utilize o terceiro dedo. Para a nota F(Fá) o polegar é “passado” sob a mão, e o restante das notas acima são tocadas utilizando o próximo dedo disponível (veja a figura 3.3). Quando a oitava termina e alcançamos novamente a nota C(Dó), então tocamos a próxima oitava do mesmo modo.

É necessária uma valorização deste exercício (apesar de ser considerado por muitos como algo simples e sem importância). Todo instrumentista tem que passar por este treinamento, pois ele combina a teoria e a prática. Uma coisa é saber os nomes das notas, outra diferente é ouvi-las claramente e identificá-las em sua mente. Através destes exercícios, o seu ouvido interno e a sua memória auditiva serão desenvolvidos. Se você não tiver acesso a um teclado MIDI, uma alternativa é fazer a sequência da escala em um software para cima e para baixo e ouvir com muito cuidado e atenção o resultado (veja a imagem 3.4)


Imagem 3.4 Sequência em C(Dó) Escala Maior

Entender os intervalos

A escala C maior é chamada de escala maior porque segue um padrão particular de intervalos. O que é um intervalo? É a diferença entre duas notas. A oitava anterior é um exemplo de intervalo. Outro exemplo são as notas C e E, mostradas na Figura 3.1. Observe e você notará que os intervalos entre as notas adjacentes da escala C maior não são todas do mesmo tamanho. Isso é importante entender.


Imagem 3.1

O intervalo entre quaisquer duas notas adjacentes no teclado é chamado de semitom. (Ver Imagem 3.5).


Imagem 3.5 Intervalos de semitons em um teclado

Se você contar o número de setas na figura 3.5 perceberá que há 12 dessas em uma única oitava. Cada uma delas tem um tamanho igual de 1/12 de uma oitava. Há, portanto, 12 semitons na oitava. Esta série de semitons abrange uma escala de tons chamada de escala cromática. Embora a escala cromática não seja geralmente utilizada como uma escala musical propriamente dita, ela oferece aquelas notas da oitava a partir das quais as notas para uma determinada escala podem ser selecionadas. A escala maior de C (Dó) usa sete notas – as sete teclas brancas. Neste contexto, as cinco teclas pretas não são necessárias.

Perceba que há uma tecla preta entre as notas C (Dó) e D (Ré), isso significa que a diferença entre elas é de dois semitons. Um intervalo desse tipo também é chamado de tom. Lacunas similares são encontradas entre as notas D (Ré) e E (Mí), F (Fá) e G (Sol), A (Lá) e B (SÍ). No entanto, entre as notas E (MÍ) e F (Fá), assim como B e C, não existem as teclas pretas. Isto significa que a diferença aqui é um semitom (veja a imagem 3.6).


Imagem 3.6 Tom e Semitom

A partir desta discussão você pode notar que a escala principal é definida por um padrão característico de tons e semitons. É importante perceber que essa diferença entre tons e semitons na escala maior não pode ser vista ou reconhecida quando as notas são colocadas, essas diferenças só se tornam evidentes quando as notas que formam a escala maior são desenhadas no teclado (veja a Imagem 3.7).


Imagem 3.7 (T=Tons – S=Semitons) Tons e semitons dentro da Escala Maior.

Em um violão, este padrão se traduzia como 2212221 de trastes sucessivos (Ver figura 3.8).


Imagem 3.8 Tons e Semitons em um traste de violão

Uma vez que o padrão de tons e semitons é conhecido, torna-se possível construir uma grande escala em qualquer nota simplesmente fazendo a contagem a partir dessa sequência: tom, tom, semitom, tom tom tom, semitom. Você pode calcular as escalas importantes para criar outras chaves seguindo este padrão básico.

Para o presente propósito, dois formatos úteis para memorizar são numéricos e por letras. O formato numérico é 2212221 e descreve o número de semitons entre cada uma das etapas da escala maior. O formato da letra utiliza as abreviaturas de T para o tom e S para o semitom. A forma seria assim: TTSTTTS. Na imagem 3.9, você pode ver como isso se aplica quando tentamos sequenciar uma Escala Maior na nota F # (FÁ Sustenido) como observamos no Piano Roll de uma faixa MIDI.


Imagem 3.9 Construindo uma Escala Maior em F# (FÁ Sustenido)

O TTSTTTS é uma fórmula útil porque permite que você crie o mesmo sistema de escala em outras chaves de notas, permitindo assim acesso a toda uma gama de chaves.

A escala de C maior oferece todas as notas necessárias para uma composição completa. Você pode usar essas notas para criar melodias de leads, baixos e harmonias ( a arte consiste em fazer com que estas variações trabalhem todas juntas). Reconhecer e usar um sistema de chave e escala é um dos primeiros passos para a criação de música mais sofisticada porque isso significa que todas as suas camadas musicais são em escala e chave e, portanto, funcionam bem musicalmente.

Tendo analisado uma escala musical, você agora terá uma melhor compreensão do mundo dos tons, ou seja, das notas utilizadas em uma composição na criação de melodias e harmonias. E, justamente por isso, você também precisa realizar um estudo aprofundado do “universo” do tempo musical, ou seja, observar quanto tempo cada nota dura na composição e os ritmos criados pela combinação desses comprimentos de notas. Isso será o tópico da nossa próxima matéria.

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