Pode parecer anacrônico esse debate sobre o SYNC, mas na minha opinião, é agora quando, após vários anos de uso (e abuso) por partes de muitos DJs de música eletrônica, se pode perceber uma estagnação geral em termos de criatividade nas performances dos DJs que utilizam esse recurso.
Claro, a coisa mais importante em uma performance de Dj será sempre a seleção musical. No entanto, existem ingredientes adicionais que podem melhorar substancialmente a experiência do público.
Eu sempre falo que DJs e aspirantes a Djs precisam fazer exercício auditivos, ou seja, entender perfeitamente a música que tocam. O Sync não faz a virada e não coloca a música no volume certo e no compasso certo. E são nesses pontos que eu acredito que muitos que criticam os equipamentos que tem o Sync como ferramenta na realidade não conhecem bem a possibilidade criativa que ele oferece. Para mim o importante é a música, porém antes precisamos entender ele como funciona e como está estruturado. Para isso é melhor ter um bom treino auditivo e nessa parte o Sync te limita, pois te permite tocar a música que em muitos casos os DJs não conhecem.
Quando um DJ utiliza o Sync e não conhece a música que toca existe desconexão da mente em relação à mixagem, deixado nas mãos de um algoritmo informático essa tarefa que antes era um trabalho orgânico feito por um ser humano. O resultado é a perfeição, mas se os DJs não utilizam essa ferramenta do jeito certo o resultado se transforma em frieza.
Se você comparar DJ Set Techno da primeira década do 2000 a os DJ set atuais, provavelmente pode notar essa desconexão. Você vai notar uma diferença em termos de questões subjetivas e subliminares na mixagem. Estou falando do Techno porque nesse caso o elemento mais importante é a música.
Quando os laptops entraram no mundo DJ a primeira coisa que pensei foi na possiblidade que essa tecnologia oferecia para os DJs. Ferramentas que podiam acrescentar nos shows uma sensação de um DJ Set a uma experiência mais de remixers ou de músicos, que o DJ teria uma função mais criativa e artística que um simples selecionador de música. Mas na realidade aconteceu oposto, muitos abusaram dessa função prejudicando e desvalorizando essa maravilhosa profissão, incrementando preguiça nos DJs na investigação musical, criatividade e técnica. Lembra sempre que a virada e executada na maior parte no mixer e aprimorar essa parte e de vital importância.
Quando ser DJ virou uma moda e um status, no mercado entraram uma geração de DJs com pouca noção de mixagem, entender a sonoridade de um mixer até sem saber utilizar corretamente um CUE de pré-escuta.
Eu sou amante da tecnologia, para mim significa evolução, porém acho que um DJ não meche com equipamento mas meche com MÚSICA, por isso mesmo antes de abusar de uma tecnologia que não te deixa pensar e que de algum jeito fica atrofiando seu sentidos e sensibilidade no ambiente musical acho melhor treinar, entender a música que toca, aprimorar conhecimentos e saber utilizar a tecnologia para que agregue criatividade nos seus shows.
Eu toco com todo tipo de equipamento, mas quando procuro criatividade e também reinventar a música utilizo o sistema 4 decks de Traktor utilizando o Sync, pois nesse caso minha função como DJ é mais a de músico. Quando utilizo CDJ ou toca-discos a coisa muda, visto que é diferente tocar com sistemas Time Code e tocar com Pen Drive ou Vinis.
Enfim:
Ser DJ é uma arte, NÃO É UMA MODA!
Alex Contri